INTRODUÇÃO À TEOLOGIA - O QUE É A TEOLOGIA?

CORNELIO ALVES DIAS DA SILVA

 

 

 

 

 

 

             INTRODUÇÃO À TEOLOGIA.

 

                                            O QUE É A TEOLOGIA?

 

 

 

 

 

Trabalho, apresentado ao Prof. Dr. CLAUDIO OLIVEIRA RIBEIRO, Turma 01, Período Noturno, 2º SEM 2007, do Curso de Bacharel em Teologia da Faculdade de Teologia - Universidade Metodista de São Paulo.

 

 

 

 

UMESP

    Universidade Metodista de São Paulo

     São Bernardo do Campo – Outubro de 2007.

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

 

  1. Sumário: 2

     

  2. Introdução: A teologia Cristã: 3

     

  3. Capítulo I: O que é a Teologia?: 4

     

  4. Capítulo II: Conceito de Teologia: 5

     

  5. Capítulo III: Teologia: e Revelação: 6

     

  6. Capítulo IV: Currículo Teológico Básico: 7

     

  7. Capítulo V: Bíblia: Suas Leituras e Interpretações na História do

  8. Cristianismo: 8

10. Bibliografias: 10

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO: A Teologia Cristã:

 

 

Os muitos autores que abordam este tema buscam retratar de uma forma menos complexa, o assunto, o que é a teologia?

Mas explicá-la ou entende-lha tem a mesma consistência, tornando se difícil até para o próprio teólogo a sua compreensão.

O estudo da teologia é muito abrangente, sendo que nem os maiores escritores e pesquisadores de todos os tempos chegaram ao denominador comum. Temos que admitir que ela é uma ciência ou mesmo um estudo, que engloba todo relacionamento entre o criador e a criatura, ou seja o homem revelando em si, o divino, o Deus Supremo.

Capítulo I

O que é a Teologia? 

Partindo do principio a seguir, poderemos obter uma compreensão aproximada do seu infinito conteúdo, quando observamos que entre o “Ser” e o “ser” existe toda uma simbologia, o sagrado e o profano numa busca incessante pela coexistência, onde o tempo determina o espaço para que haja a sobrevivência destes principais pilares de sustentação dos distintos universos a saber:

O humano na sua forma terrena e espiritual na sua forma abstrata.

A teologia é este conjunto metafísico que forma o todo, entre estas duas grandezas, e transcende o saber!

Vemos que tudo o que produzimos para o bem em comum, quando existe uma entrega ampla, total e inconseqüente estamos  representando fisicamente um “Ser” cujo domínio é a justiça, a misericórdia e o amor, é “O Deus” que se materializa no “ser” limitado, o “D..´eu`..S”, o paradoxo e místico paradigma da sobrevivência da Igreja nos tempos.

A teologia sistematiza a ciência física e a natural, a filosofia, o social e a humana, a disciplina, o conhecimento e a sabedoria e não é sábio impô-la limites ou defini-la com exatidão, ela subsiste por si só, se justifica pela fé e o logos.

A autoridade na teologia consiste na supremacia da Bíblia em matéria de fé e doutrina, porém há uma outra em segundo plano baseada nas declarações fé da Igreja no tempo.

Capítulo II

Conceito de Teologia:

Para se obter um conceito técnico aproximado da concepção de teologia devemos analisar os aspectos e o contexto como se emprega o termo.

Etimologicamente é visto pela combinação de dois termos: theós = Deus + logia = ciência, onde Deus centraliza no discurso humano, significando, saber, palavra ou ciência de ou sobre Deus.

Surgiu na historia diversas formas relativas ao termo, cujo significado vem sendo estudado pela semântica, sendo que na Bíblia a expressão não existe; o termo mais aproximado significa inspirados por Deus – Theópneustos (2 Tm 3, 16) e Theódídaktoi (1Ts 4,9), além do que o termo conhecer na Bíblia não significa “logia”, cuja etimologia deriva do grego antigo λέγειν (legein) "falar".

Ao pé da letra “sentido exato” se fundirmos os termos, [Theó] + [λέγειν] Logos (em grego λόγος, palavra teríamos como definição literal do termo “teologia” como: [“falar inspirado por Deus”].

No mundo pagão grego o termo “theologeion” era usado no teatro para designar o lugar ode os deuses apareciam, do verbo “theologĕo” que significa discursar sobre os deuses ou sobre cosmologia ou referindo a uma influencia divina; e o “theologos’ era aquele que discursava sobre os deuses ou sobre os cosmólogos como os órficos.

Na antiga teologia latina o termo “teologia” foi conservado significado pagão de estudo dos deuses e como teodicéia, na acepção de estudo da divindade baseado na razão.

A alta escolástica preferiu os termos: "doctrina christiana", “doctrina divina”, “sacra doctrina”, “divina institutio”, “divinitas”, “Scriptura”, “sacra pagina”, para “teologia” e as ramificações surgidas na idade media.

Dado o fato que o termo ‘ciência’ significa: conhecimento atento e aprofundado de algo; a teologia é a ciência primeira. Sendo assim no principio, defendo a tese de que há duas “ciências” distintas, a saber: a metafísica e a empírica, sendo esta segunda, uma ramificação da ciência-mor ou primeira; a teologia.

A primeira estuda a relação entre Deus e a humanidade enquanto que a segunda estuda metodologicamente os fenômenos, ou seja, tudo o que se observa na natureza que precisa ser comprovado fisicamente; enquanto que a primeira estuda a relação entre Deus e o homem e por não haver um objeto físico para analise laboratorial é metafísica, isto é, ela não carece desse conhecimento como informação e noção precisa; porque ela transcende ao natural.

Portanto; a teologia é a ciência metafísica porque ela que estuda através do saber espiritual os fenômenos que transcende a natureza física das coisas. Daí a diferença; enquanto que a empírica estuda o objeto a partir dele [matéria] a metafísica a origem dele. Exemplo: a ciência empírica, o corpo humano e a metafísica “teologia” o homem.

A empírica depende de ser provada enquanto a metafísica é revelada, a abstrata absorve a concreta.

Sistematicamente a relação entre “teologia" e fé percorre um movimento interno em dois caminhos, se apresentando a partir do que restou do que se chama hoje de “teologia dogmática e a sistemática”.

A diferença entre as duas muitas vezes é confundida, pelas diferenças sutis entre ambas, mas, importantes, entre as duas. Enquanto que a teologia dogmática está diretamente ligada a um determinado corpo ou denominação da igreja cujo principio é o termo "dogma"; [fundamento indiscutível], exemplo: inerrância da Bíblia.

Um dos propósitos da teologia dogmática é permitir que uma igreja formule e comunique a doutrina que é considerada essencial para o Cristianismo e que se negada constitui se em heresia.

A teologia sistemática não requer uma sanção ou aprovação oficial por parte de uma igreja ou de um corpo eclesiástico, porque ela enfatiza não apenas as afirmações da Escritura, mas também a afirmação eclesiástica e autoritária dessas declarações.

A teologia sistemática normalmente discute a mesma doutrina e muita vez usa o mesmo esboço e estrutura que a teologia dogmática, mas, faz isso com uma posição teológica particular, afiliada a uma denominação ou igreja específica.

A existência do “dogma” define-se a seguir:

É o Teólogo que vai construir a "teologia" até o seu objetivo final, da seguinte forma:

 

Teólogo → Fé transmitida na Igreja → Revelação de Deus

Revelação de Deus → Fé transmitida na Igreja → Teólogo

 

 

Observando este dois casos acima percebe se que a Igreja intermedia a parceria fundamental, “Deus e o Teólogo”, onde a Igreja esta no lugar e origem de sua reflexão de fé, e uma possível ruptura, seria contrateologia.

A teologia como atividade complexa ultrapassa o campo restrito do discurso sobre Deus, portanto nem tudo o que se relaciona com Deus é "teologia" visto que muitas ciências se ocupam disso, e teologia não é isto, sem o exercício de uma atividade de fé, portanto; fora do âmbito da fé não há "teologia”.

Capítulo III

Teologia e Revelação: 

A revelação histórica de Deus ao homem para a "teologia" cristã tem intima relação com a fé, sendo que em outros tempos da história ela foi tentada a admitir como coisas separadas o que era apenas distinto, o que faria que ela perdesse o seu sentido salvífico, visto que sempre será necessária a revelação que Deus faz de si para certificar de se estar falando do Deus da revelação, isto é a teologia cristã.

Assim como a história é mediada pela revelação bíblico-cristã, não há revelação para o cristão que não seja mediada pelo homem, que a Bíblia chama de profeta, e segundo a Bíblia, a palavra de Deus não ecoa no vazio mas, sempre a palavra e na voz do homem que é o profeta.

Para o teólogo cristão a palavra não é caída do céu, mas se dá por ele através da mediação profética da revelação, lidando com ela como a palavra de Deus consciente de ser também a palavra do homem, no sentido de encarnação da palavra de Deus na linguagem e cultura do homem de maneira sacral como se fosse uma atividade do homem no conhecimento da realidade.

O teólogo tem consciência clara nos dias de hoje das condições em que a revelação nos é comunicada, sendo que nem a Igreja nem o próprio se apropriam da revelação para comunicá-la conforme as suas vontades.

A revelação tem que passar pelo homem que é colocado por Deus como profeta, não sendo este o dono da revelação, ela deve ser recebida na fé e entendida na "teologia".

O profeta recebe a palavra de Deus, para comunicá-la aos outros, assim como a Igreja também recebe, mas, não para guardar, sim para anunciá-la, reforma-la e  comunicá-la aos povos, desta forma se dá a mediação profética bem como a mediação eclesial.

A mediação profética exige um profundo sentido humano da "teologia" cristã, assim com a mediação eclesial da revelação não pode deixar de significar um sentido eclesial que reflete a luz da palavra de Deus nos dada por Jesus Cristo e comunicada pela Igreja.

Claro que esta Igreja que comunica a revelação não pode ser restringida à Igreja hierárquica por mais que essa comunicação seja função da hierarquia da Igreja.

Capítulo IV

Currículo Teológico Básico:

Enquanto a Sociedade de Teologia e Ciências da Religião está envolvida no projeto que estuda a importância da criação definitiva de um currículo básico de teologia com relativa uniformidade na educação teológica, para aplicar à formação do teólogo, do pastor, ou padre, observa se o principio de um litígio, que não objetiva um consenso que solidifique a tese em si, por delimitar se em debates e questionamentos sobre a área de conhecimento ou técnica, gerando um conceito de teor empírico, se a teologia é ciência ou não.

Este enigma indecifrável tem por base o pensamento radical e arcaico de que as universidades devem formar profissionais, porem elas continuam formando filósofos, sociólogos e antropólogos que lhes são atribuídos títulos de profissionais mesmo que estes jamais escrevam uma matéria sobre a sua área de formação.

O litígio da teologia não é só externo, ao negá-la a sua objetividade, mas, por entender que o seu fim não seria mais do que a de uma construção da fé; porém também é interior, quando a intenção era a de mantê-la a salvo do proveito da ciência em especial, dos cientistas.

As dificuldades se acentuam ainda mais, quando se indaga se a teologia é uma ciência, para que ela serve?

Qual é a sua finalidade prática?

Esta tendência de pensamento nasce da concepção de que a ciência deve formar o profissional, capacitado em saber fazer tal coisa , habilitado em uma função e obter espaço na sociedade.

Observando se que antes de se formar um engenheiro, advogado ou médico, deveriam formar professores que antes de tudo é um profissional de ensino, que é daí de onde se começa a pesquisa cientifica, mas o que se vê é que o saber pelo saber é inculto em nossa sociedade valorizando bem pouco o pesquisador, o pensador e o cientista.

Capítulo V

Bíblia: Suas Leituras e Interpretações na História do Cristianismo:

A ilustração surgiu à história do cristianismo a fim de se aplicar à orientação para o futuro, da leitura histórica da Bíblia, do cristianismo dogmático como verdade fundamental e indiscutível e não crítica, na centralidade da experiência, quando as cidades mercantis conscientizaram se da sua importância valendo se de critérios racionais e não religiosos em suas economias.

A reflexão de que as idéias somente são instrumentos de ação se produzirem efeitos práticos da filosofia pragmática e racional, fez se presente na analise da sociedade, da política, do direito e nas constituições dos países.

Passou a se olhar mais para o futuro que para o passado com seus clássicos modelos e que investindo n a educação o ser humano seria capaz de tudo, visão expressa nos livros: "A Educação da Raça Humana", para os alemães e o "Tratado sobre Educação", para os suíços.

A Europa foi o berço pátrio da ilustração onde Descartes em: “Penso, logo sou”, coloca a duvida radical com principio do conhecimento e do autoconhecimento, a partir daí a filosofia deixa de ser “serva da Teologia”, para se tornar ciência distinta e autônoma.

Se a razão seria mais importante que as disputas religiosas levou a Inglaterra as discussões teológicas e confecionais, resultando o deísmo com proposição de buscar um fundamento sólido para a religião de maneira que qualquer pessoa pudesse aceitar e viver a partir dela.

Para isto proporão o seguinte:

  1. Existe um Deus;Deus deve ser servido;

  2. Tal serviço acontece por meio de virtude e piedade e não através do rito;

  3. Deve se deixar o erro de lado e fazer o bem;

  4. Deve esperar recompensa divina aqui e no além.

Conclusão parcial: 

Também podia afirmar que o Cristianismo podia se basear na tolerância, virtude, moral, porem quando os teólogos aplicaram estes princípios deistas no sermão este passou a ser mero discurso moral e para sintonizar a razão e a revelação, os deistas reduziram o Cristianismo ao que consideravam ser essencial nele.

Deste reducionismo que julgava necessário em razão da crescente diversidade e pluralidade do cristão, onde para eles as verdades da fé não poderia ser opor a razão, foi então que leram a Bíblia criticamente, tendo a como fonte de estudo da história, e da moralidade da antiguidade.

A Bíblia não era mais vista como testemunho a respeito da revelação da História e submetidos a razão, os milagres, Trindade, e ressurreição foram inacessíveis para ela, em decorrência disto foi considerada inautentetica. 

 

Bibliografia parcial:

Introdução à Teologia – Justo L. Gonzáles e Zaida M. Pérez – tradução: Silvana Perrella Brito. 2006. Academia Cristã.

O que é Teologia – Aberto Roldin.

Conceito de teologia – J. B. & A. Murad.

Teologia e Revelação – Honório Rito.

Currículo Teológico Básico – Antonio Gouvêa Mendonça.

Bíblia suas Leituras e Interpretações na Historia do Cristianismo – Martin Dreher.

       Em Cristo.

Edição Fevereiro 2016

Revisão: ‎‎4‎ Fe ‎2018

Shalom.

Por Cornelio A.Dias 

 

"Feito perfeito, é imperfeito; como criação, o meu eu; natureza humana! C. A. Dias.