O Vergonhoso Evangelho Social
Por várias razões, cristãos de diferentes tendências têm feito modificações no “Evangelho de Cristo”, como se este precisasse de ajustes. A maioria deles vai dizer que não se trata de alterações significativas, mas apenas de ínfimas pinceladas aqui e ali. Essas mudanças normalmente começam com alguém declarando que não existe modificação alguma envolvida e que está ocorrendo simplesmente um ajuste na ênfase. Contudo, não importa qual seja a argumentação, o que acontece realmente é que eles “se envergonham do Evangelho de Cristo”.
Envergonhar-se do Evangelho expressa-se por meio de uma série de atitudes diferentes, desde ficar embaraçado com ele até supor que alguém possa melhorá-lo um pouco para torná-lo mais aceitável. Um exemplo desse embaraço foi a recente declaração de um autor ligado à Igreja Emergente, que afirmou: o ensino de que Cristo pagou a pena total pelos pecados da humanidade através de Sua morte na cruz do Calvário em nosso lugar é irrelevante e “uma forma cósmica de abuso infantil”.
Exemplos mais sutis incluem tentativas de fazer o Evangelho parecer menos exclusivista, “abrandando” as conseqüências do pecado, como a ira de Deus e o lago de fogo, das quais o Evangelho de Jesus nos livra.
Prevalece entre muitos líderes religiosos, que professam ser cristãos evangélicos (ou seja, cristãos crentes na Bíblia), a promoção de um evangelho mais aceitável, que possa até mesmo ser admirado pelas pessoas do mundo inteiro. Hoje em dia, a forma mais popular desse tipo de evangelho é conhecida como “evangelho social”.
Embora esse evangelho social seja comum entre os muitos novos movimentos evangélicos, ele não é novidade para a cristandade. Seu princípio moderno deu-se nos idos de 1800, quando pretendeu-se tratar das várias condições da sociedade que seriam causadoras do sofrimento da população. A crença era de que o Cristianismo atrairia seguidores quando demonstrasse o seu amor pela humanidade. Isso poderia ser mais bem realizado aliviando os sofrimentos causados pela pobreza, pelas enfermidades, pelas condições opressoras de trabalho, pelas injustiças sociais, pelos abusos dos direitos civis, etc.

”George W. Bush instituiu um departamento do governo que destina fundos às igrejas, sinagogas, mesquitas e outros ministérios religiosos que estiverem oferecendo serviços sociais junto às suas comunidades".
Os que apoiavam esse movimento também acreditavam que o alívio das condições miseráveis em que as pessoas viviam poderia melhorar a natureza moral dos que sofriam essas carências.
Outra força motivadora por trás doevangelho social foi a visão sobre os tempos finais (Escatologia) dos envolvidos nessa corrente de pensamento. Quase todos eles eram amilenistas e pós-milenistas. Os primeiros acreditavam estar vivendo em um Milênio simbólico, período em que Cristo estaria governando a partir do céu, Satanás estaria preso e eles seriam os obreiros escolhidos por Deus para estabelecer o reino milenar na terra. Os pós-milenistas também acreditavam já estar no Milênio, e seu objetivo era restaurar a Terra a um estado semelhante ao Éden, para que Cristo pudesse voltar do céu a fim de implantar aqui o Seu reino terreno. George W. Bush instituiu um departamento do governo que destina fundos às igrejas, sinagogas, mesquitas e outros ministérios religiosos que estiverem oferecendo serviços sociais junto às suas comunidades.
O evangelho social, em todas as suas variadas aplicações, ajudou a produzir algumas realizações (leis contra o trabalho infantil e a favor do sufrágio feminino), que contribuíram para o bem-estar social. Ele tornou-se a mensagem central dos teólogos católicos adeptos da Teologia da Libertação e das principais denominações protestantes durante o século 20. Embora sua popularidade tenha crescido e diminuído alternadamente, muitas vezes foi energizada pela combinação entre religião e políticas libertárias, por exemplo, de Martin Luther King Jr. e do movimento dos direitos civis. A médio prazo, através do século passado, o evangelho social influenciou movimentos como a Teologia da Libertação católica e o socialismo da ala esquerdista dos cristãos evangélicos. Contudo, foi no século atual que o evangelho social conseguiu sua promoção mais acentuada. Dois homens, ambos professando ser evangélicos, têm liderado esse caminho.
George W. Bush instituiu um departamento do governo que destina fundos às igrejas, sinagogas, mesquitas e outros ministérios religiosos que estiverem oferecendo serviços sociais junto às suas comunidades.O evangelho social, em todas as suas variadas aplicações, ajudou a produzir algumas realizações (leis contra o trabalho infantil e a favor do sufrágio feminino), que contribuíram para o bem-estar social. Ele tornou-se a mensagem central dos teólogos católicos adeptos da Teologia da Libertação e das principais denominações protestantes durante o século 20. Embora sua popularidade tenha crescido e diminuído alternadamente, muitas vezes foi energizada pela combinação entre religião e políticas libertárias, por exemplo, de Martin Luther King Jr. e do movimento dos direitos civis. A médio prazo, através do século passado, o evangelho social influenciou movimentos como a Teologia da Libertação católica e o socialismo da ala esquerdista dos cristãos evangélicos. Contudo, foi no século atual que o evangelho social conseguiu sua promoção mais acentuada. Dois homens, ambos professando ser evangélicos, têm liderado esse caminho.
George W. Bush começou sua presidência instituindo o White House Office of Faith-Based & Company Initiatives (departamento da Casa Branca encarregado de lidar com iniciativas sociais religiosas e empresariais). Seu objetivo foi prover fundos governamentais às igrejas, sinagogas, mesquitas e outros ministérios religiosos que estivessem oferecendo serviços sociais junto às suas comunidades. Bush acreditava que os programas desenvolvidos pelo “povo de fé” poderiam ser pelo menos tão efetivos no auxílio aos necessitados como os das organizações seculares, e talvez até mais do que elas, por seu compromisso moral de “amar e ajudar o próximo”. Quando se preparava para deixar o cargo, ele declarou que considera o seu programa “Faith-Based” como uma das mais relevantes realizações do seu tempo como presidente. Barack Obama, o novo presidente eleito, declarou que pretende dar prosseguimento ao programa “Faith-Based” com suas iniciativas comunitárias.
Rick Warren, autor dos livros recordistas em vendas “Uma Igreja Com Propósito” e “Uma Vida Com Propósito” alçou o evangelho social a um patamar jamais alcançado: ele não apenas está tendo alcance mundial, mas fazendo parte do pensamento e do planejamento dos líderes mundiais. Warren credita a Peter Drucker, o gênio em gerenciamento de negócios, o conceito básico do que ele está executando. Drucker acreditava que os problemas sociais como a pobreza, a doença, a fome e a ignorância estariam além da capacidade de resolução dos governos e das corporações multinacionais. Para Drucker, a solução mais viável seria encontrada no setor sem fins lucrativos da sociedade, especialmente nas igrejas, com as suas hostes de voluntários dedicados ao alívio dos males sociais dos carentes de suas comunidades.
Warren, ao reconhecer por vinte anos o falecido Drucker como seu mentor, certamente aprendeu suas lições. Seus dois livros “Com Propósito”, traduzidos em 57 idiomas e com mais de 30 milhões de cópias vendidas, revelam as regras do jogo que Drucker havia visualizado. Warren fez com que as igrejas locais colocassem em prática a visão dos seus livros através dos programas comunitários enormemente popularizados como “40 Dias com Propósito”. Até o presente, 500 mil igrejas em 162 nações tornaram-se parte dessa rede mundial. Elas formam a base do seu plano global chamado P.E.A.C.E. (“Paz”, em inglês).
Mas o que é o Plano P.E.A.C.E? Warren apresenta seu plano à igreja no site www.thepeaceplan.com. No vídeo ele identifica os “gigantes” que assolam a humanidade, como sendo vazio espiritual, liderança autocentrada, pobreza, doença e analfabetismo, que ele pretende erradicar pelo P.E.A.C.E: “P”: plantação de igrejas; “E”: equipamento de líderes; “A”: assistência aos pobres; “C”: cuidado dos enfermos; “E”: educando a próxima geração.
Warren usa a ilustração de um tripé para descrever a melhor maneira de liquidar esses gigantes. Duas das pernas seriam governo e negócios, até hoje ineficazes, do mesmo modo como um tripé de dois pés não pode se manter de pé. A terceira perna, muito necessária, é a igreja:
Existem milhares de vilas no mundo sem escolas, sem clínicas, sem comércio e sem governo – mas sempre têm uma igreja. O que aconteceria se mobilizássemos as igrejas para atacar esses cinco gigantes globais?
Já que existem 2,3 bilhões de cristãos no mundo inteiro, Warren chega à conclusão de que eles poderiam formar o que Bush chamou de enorme “exército da compaixão” do“povo de fé”, como até hoje nunca se viu no mundo.
Warren expandiu sua “visão cristã” para uma visão inclusivista do Plano P.E.A.C.E., que tem atraído o apoio e o louvor dos líderes políticos e religiosos e das celebridades do mundo todo. No Fórum Econômico Mundial de 2008 [em Davos, na Suíça], Warren declarou: “O futuro do mundo não é o secularismo, mas o pluralismo religioso...”Referindo-se aos males que atacam o mundo, ele afirmou:
Não podemos resolver esses problemas sem envolver as pessoas de fé e suas instituições religiosas. De outra forma não será possível. Neste planeta existem aproximadamente 20 milhões de judeus, 600 milhões de budistas, 800 milhões de hindus, mais de um bilhão de muçulmanos e 2,3 bilhões de cristãos. Se excluirmos o povo de fé da equação, estaremos excluindo 5/6 da população mundial. E se deixarmos apenas nas mãos dos seculares a solução desses problemas, ela não será realizada”.