Arrebatamento Pré ou Pós-Tribulação

 

Arrebatamento Pré ou Pós-Tribulação

 

Dave Hunt

O Arrebatamento da Igreja signifi­ca que todos os crentes serão levados para o céu - aqueles que acabaram de ressuscitar juntamente com os que es­tiverem vivos na ocasião (ITessalonicenses 4.13-18). Se ele ocorre no iní­cio do período da Tribulação, então, claramente a Segunda Vinda de Cris­to, no final da Tribulação, para resga­tar Israel no meio do Armagedom, é um evento separado Segunda Vinda, tornando-se os dois eventos em um só. O que acontecerá: dois eventos se­parados por sete anos ou um evento com dois propósitos diferentes?

Essa pergunta, embora não tenha nada a ver com o Evangelho da salva­ção, divide grande parte da igreja evan­gélica. Felizmente, a questão pode ser resolvida com uma certa facilidade. As descrições nas Escrituras sobre o Arre­batamento e sobre a Segunda Vinda, respectivamente, são tão diferentes umas das outras, em tantos de seus de­talhes, que não poderiam estar descre­vendo o mesmo acontecimento. Não dá para apresentarmos aqui todas essas distinções, mas seguem algumas delas:

1. No Arrebatamento, Cristo não retorna à terra, mas leva os crentes pa­ra o Alto, para se encontrarem com Ele acima da terra, conduzindo-os di-retamente aos céus: "Voltarei e vos re­ceberei para mim mesmo, para que, on­de eu estou, estejais vós também" (João 14.3). "Depois, (...) seremos arrebatados juntamente com eles, (...) para o encon­tro do Senhor nos ares, e, assim, estare­mos para sempre com o Senhor" (l Tes-salonicenses 4.17).

• Por outro lado, na Segunda Vin­da, Cristo retorna a esta terra para governar Israel e o mundo, a partir do trono de Davi em Jerusalém: "Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jeru­salém" (Zacarias 14.4). "Deus, o Se­nhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de faço, e o seu reinado não terá fim" (Lu­cas 1.32-33). "Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro (...) julga e peleja com justiça. (...) E seguiam-no os exércitos que há no céu. (...) Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as rege­rá com cetro de ferro.." (Apocalipse 19.11-15).

2. No Arrebatamento, há uma res­surreição de todos os crentes que mor­reram até aquele momento: "Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalida­de. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, en­tão, se cumprirá a palavra que está es­crita (...)" (I Coríntios 15.52-53). "...os mortos em Cristo ressuscitarão primei­ro" (l Tessalonicenses 4.16).

3. Por outro lado, na Segunda Vin­da não há ressurreição até que o Anti-cristo seja derrotado, ele e o falso pro­feta tenham "sido lançados vivos den­tro do lago de fogo" (Apocalipse 19.20) e Satanás tenha sido aprisionado no "abismo [por] mil anos" (Apocalipse 20.1-3) - sendo que nenhum desses acontecimentos está nem remotamen­te relacionado com o Arrebatamento dos crentes para o céu. Então, à "pri­meira ressurreição" que ocorreu no Arrebatamento, é acrescentado um grupo único: "Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da pala­vra de Deus, tantos quantos não ado­raram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos" (Apoca­lipse 20.3. No Arrebatamento, os corpos dos crentes que estiverem vivos (como os daqueles que tiverem ressuscitado) serão transformados para se tornarem imortais: "Xem todos dormiremos [isto é, nem todos morreremos!, mas transformados seremos todos (...). Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós [que estivermos vivos] seremos transforma­dos. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibili­dade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade" (ICoríntios 15.51-53). "Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles [os santos ressurretos], entre nu­vens, para o encontro do Senhor nos ares [o que claramente requer corpos imortais]" (lTessalonicenses 4.17). 

Por outro lado, na Segunda Vin­da, todos os santos retornarão dos céus com Cristo e, portanto, já terão sido transformados em imortalidade: "Então, virá o senhor, meu Deus, e to­ dos os santos, com ele" (Zacarias 14.5). "Vi o céu aberto, e eis um que (...) está vestido com um manto tinto de sangue (...) e seguiam-no os exércitos que há no céu (...) para ferir as nações" (Apocalip­se 19.11-15).

4. O Arrebatamento ocorre duran­te um tempo de relativa paz e prospe­ridade, quando o mundo não está aguardando um juízo vindo de Deus: "Assim como foi nos dias de Noé [a últi­ma coisa que eles esperavam era um juízo vindo de Deus], (...) comiam, be­biam, casavam e davam-se em casa­mento. (...) O mesmo aconteceu nos dias de Ló: (...) compravam, vendiam, plantavam e edificavam. (...) Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar" (Lucas 17.26-30). 

Por outro lado, a Segunda Vinda ocorre em meio à pior guerra que o mundo já viu e logo após a maior de­ vastação que o planeta já sofreu ou so­frerá: "Nesse tempo haverá grande tri­bulação,  como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria sal­vo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados" (Mateus 24.21- 22). "E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pe­la fome, (...) e sobreveio grande terre­moto.  (...) Então,  todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. [Os homens] se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes (...) porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" (Apocalip­se 6.8-17). "Foram, então, soltos os qua­tro anjos (...) para que matassem a ter­ça parte dos homens" (Apocalipse 9.15). "...este [o mar] se tornou em sangue co­mo de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar. (...) nos rios e nas fontes das águas (...) se tornaram em sangue. (...) O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado quei­mar os homens com fogo. Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor (...) e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra. (...) Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram acha­dos; também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento" (Apocalipse 16.3-21). "Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro (...) e se­guiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vesti­duras de linho finíssimo, branco e puro. (...) E vi a besta [o Anticristo] e os reis da terra, com os seus exércitos, congre­gados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. Mas a besta foi aprisiona­da, e com ela o falso profeta (...). Os dois foram lançados vivos dentro do la­go de fogo" (Apocalipse 19.11-21). 

5. O Arrebatamento ocorre quan­do as condições no mundo parecem indicar que tudo está bem - quando pouquíssimos estão aguardando o re­torno de Cristo, e Ele pega até mesmo a Igreja de surpresa: "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai. (...) Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá" (Ma­teus 24.36,44).

• Por outro lado, quando ocorrer a Segunda Vinda, nem mesmo o Anti­cristo é tomado de surpresa - os mui­tos sinais visíveis alertam a todos de que Cristo está bem às portas: "Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às por­tas" (Mateus 24.33). "E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, con­gregados para pelejarem contra aquele estava montado no cavalo e contra o seu exército" (Apocalipse 19.19).

oportaldateologia/Arrebatamento1.png

6. O Arrebatamento ocorre quan­do a Igreja está adormecida, com pou­ca expectativa do retorno do Senhor: "E, tardando o noivo, foram todas to­madas de sono e adormeceram" (Ma­teus 25.5). "Vigiai, pois, porque não sa­beis quando virá (...) para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dor­mindo" (Marcos 13.35-36).

• Por outro lado, a Segunda Vinda acontece no final da Tribulação, em meio a uma devastação mundial e a uma aflição desesperadora; o Anticris-to e seus exércitos estão atacando Isra­el, grande parte de Jerusalém já foi capturada (Zacarias 14.1-2) e Israel es­tá à beira de ser aniquilado. É inconce­bível que a Igreja, se ainda estivesse aqui, estaria repousando em compla­cência e vivendo no engano de que "certamente Cristo não virá agora!"

7. Como o Arrebatamento nos le­va instantaneamente, sem que passe­mos pela morte,  para fora deste mun­do de pecado, dor e pesar, para estar­mos para sempre com Cristo e sermos como Ele, para nunca mais O entriste­cermos, Ele é chamado "a bendita es­perança": "Aguardando a bendita es­perança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Je­sus" (Tito 2.13). "E a si mesmo se puri­fica todo o que nele tem esta esperança" (IJoão 3.3).

• Por outro lado, a Segunda Vinda (ou um arrebatamento pós-tribulação naquela época) dificilmente poderia ser chamada "a bendita esperança", uma vez que pouquíssimos cristãos (se a Igreja ainda estivesse aqui) sobrevi­veriam para desfrutar dessa esperança. Tendo se recusado a receber a marca da besta, 666, "sobre a mão direita ou sobre a fronte", portanto, sendo inca­paz de "comprar ou vender", e, recu­sando-se a adorar a "imagem da besta", eles seriam mortos (Apocalipse 13.15-17). Não faz sentido sugerir que, se vo­cê puder comer secretamente o que encontrar nos baldes de lixo para evi­tar morrer de fome e ainda conseguir estar um passo à frente dos esquadrões da morte da polícia mundial do Anti-cristo, estaria vivendo a "Bendita Es­perança". "Oba, serei arrebatado no Armagedom!"

8. Quanto ao Arrebatamento, in­questionavelmente, a igreja primitiva foi ensinada a esperá-lo a qualquer momento e a aguardar ansiosamente pelo retorno de Cristo, quando Ele le­vará todos os crentes consigo, à casa de Seu Pai, para estarem eternamente com Ele: "Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias. Sede vós semelhantes a homens que esperam pe­lo seu senhor" (Lucas 12.35-36). "Pois a nossa pátria está nos céus, de onde tam­bém aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o noscorpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficá­cia do poder que ele tem de até subordi­nar a si todas as coisas" (Filipenses 3.20-21). "E como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguar­dardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura" (ITessaloni-censes 1.9-10). "Aguardando a bendita esperança" (Tito 2.13). "Cristo (...) apa­recerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (Hebreus 9.28). Não se aguardaria diariamente e com grande expectativa por algo que não pudesse acontecer antes do adven­to do Anticristo ou o fim da tribulação de sete anos. Desta forma, deverá ha­ver uma vinda de Cristo que poderá acontecer a qualquer momento. 

• Por outro lado, a Segunda Vinda, por definição, como está descrita nas Escrituras, não pode ser aguardada a qualquer instante. Portanto, nenhuma das passagens bíblicas que acabamos de citar, relativas a aguardar e esperar pelo Senhor, poderia se referir à Se­gunda Vinda ou a um arrebatamento pós-tribulação da Igreja. Essas porções da Escritura, assim, só podem se refe­rir ao Arrebatamento pré-Tribulação.

9. O Arrebatamento pré-Tribula­ção possui um efeito poderoso e puri­ficador sobre aqueles que têm esta es­perança no Senhor. O fato de que ele deve ser esperado a qualquer momen­to pode somente significar que ele de­ve vir antes que o Anticristo seja reve­lado e antes da Tribulação. Se Cristo poderá voltar a qualquer momento, não há tempo a perder, não há tempo para demorar em testemunhar, não há tempo em ser indulgente com o peca­do pensando em se arrepender e mu­dar de vida mais tarde. "Filhinhos, ago­ra, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos en­vergonhados na sua vinda" (IJoão 2.28). "E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim co­mo ele é puro" (IJoão 3.3). 

• Por outro lado, a expectativa da Segunda Vinda (ou um arrebatamen­to pós-tribulação naquela época) difi­cilmente poderia ter um efeito purifi­cador porque ela não poderá acontecer antes de pelo menos sete anos - tempo suficiente para demorar em testemuha, para postergar corrigir-se diante do Senhor, para adiar uma vida em santidade. Na verdade, o Senhor disse que não crer que Ele poderá voltar a qualquer momento teria o efeito con­trário ao de crentes que a si mesmos se purificam: "Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu se­nhor demora-se, e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber com ébrios, virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e ew hora que não sabe" (Mateus 24.48-50; Lucas 12.45-46).

10. O Arrebatamento não é so­mente um acontecimento que dever­mos esperar que aconteça subitamen­te, pelo qual devemos ter uma ansiosa expectativa, mas devemos pedir ao Se­nhor que Ele venha imediatamente. Eis aqui como a Bíblia termina: "O Es­pírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! (...) Certamente, ve­nho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus!" (Apocalipse 22.17,20). 

• Por outro lado, a Segunda Vinda não é de uma natureza e de um crono­logia tais que possamos pedir a Cristo que venha imediatamente. Como Cristo obviamente não pode retornar à terra em juízo para resgatar Israel, impedir a destruição na batalha do Armagedom e destruir o Anticristo juntamente com seu reino antes do fi­nal da Tribulação, clamarmos a Cris­to: "Vem, Senhor Jesus!" seria como exigir pagamento por um débito que ainda não venceu e que só vencerá da­qui a pelo menos sete anos. 

Contudo, "o Espírito e a Noiva" cla­mam, sim, "Vem, Senhor Jesus!". Pode­mos somente concluir que deve haver uma vinda de Cristo que poderá ocor­rer a qualquer momento. Não pode ser a Segunda Vinda ou um arrebatamen­to pós-Tribulação. Pode somente ser o Arrebatamento pré-Tribulação.

11. Existem pelo menos dois even­tos que ocorrem no céu, nos quais a Igreja deve estar presente e, portanto, não podem acontecer até que o Arre­batamento aconteça. São eles o tribu­nal de Cristo e as Bodas do Cordeiro com Sua Noiva: "Pois todos compare­ceremos perante o tribunal de Deus" (Romanos 14.10). "Porque importa que todos nós compareçamos perante o tri­bunal de Cristo, para que cada um re­ceba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo" (2Coríntios 5.10). "Alegremo-nos, exultemos e de­mos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplande­cente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos" (Apo­calipse 19.7-8). 

Esses dois eventos acontecem antes do retorno de Cristo à terra e, assim, exigem um Arrebatamento anterior ao retorno.

• Fica claro que a Segunda Vinda não pode acontecer antes que esses dois eventos vitais, que demandam a presença da Igreja no céu, aconteçam. Somente depois que o Cordeiro tiver se casado com Sua Noiva é que ela O acompanhará de volta à terra para res­gatar Israel e destruir o Anticristo e seus exércitos: "E seguiam-no os exérci­tos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssi­mo, branco e puro" (Apocalipse 19.14). 

Não sabemos o motivo pelo qual tarda o Noivo, mas, exatamente como Ele predisse, a Igreja está adormecida. Naquele contexto, nosso Senhor acres­centa: "Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! (Mateus 25.6). Que cada um de nós
possa estar ansiosamente ouvindo aquele clamor do Espírito Santo em nossos corações. Na verdade, nós de­veríamos expressar esse clamor em al­ta voz, para que o Senhor pudesse vir qualquer momento para nos levar consigo. Vamos aguardar por Ele em
uma expectativa gloriosa - e estimular outros a fazerem o mesmo. Isto terá um efeito purificador e motivador em nossa vida. (TBC)

 Extraído de Revista Chamada da Meia-Noite junho de 2016